Impressões ao dirigir: Geely EX5 vem forte, só que peca nos detalhes
O mais novo SUV médio eletrificado de origem chinesa a desembarcar no Brasil é o Geely EX5. A marca, que já teve passagem curta pelo Brasil entre 2013 e 2016, agora retorna em outra fase, com nova cara, produtos (muito) mais modernos e usando a estrutura da Renault: importação, distribuição e pós-venda ficam a encargo da marca francesa.
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Por R$ 205.800 na versão Pro de entrada, ou R$ 225.800 na Max topo de linha, o EX5 é bom nas dimensões, já que é dos maiores do segmento de médios. Totalmente elétrico, bate de frente com BYD Yuan Plus ou Omoda E5, porém, por esse preço, também incomoda os híbridos como GWM Haval H6, a linha Song da BYD, além do novato GAC GS4. Todos esses citados, vale falar, são chineses como ele.
Como é o Geely EX5?
Com linhas fluídas e limpas, das mais bem-resolvidas, o modelo da Geely consegue baixíssimo coeficiente de arrasto de apenas 0,27, graças a soluções como maçanetas embutidas, dianteira fechada e por aí vai. O que isso significa? Que ele tende a ser mais silencioso, econômico e eficiente na rodagem, já que “briga” pouco com o ar.
De fato, são características que valem nesse EX5. Apesar de curto, e urbano, o trecho do test-drive com o modelo deixou claro que a Geely foca no conforto, silêncio, espaço e tecnologia. Basicamente, é uma receita bem comum no mundo de SUVs chineses.
A versão avaliada foi a mais cara, Max, que utiliza o mesmo powertrain da Pro, de entrada. Inclui um motor de 218 cv de potência e 32,6 mkgf de torque, que manda a força total para as rodas dianteiras. De fato, sobra (muito) torque no EX5, que, oficialmente, demora menos de 7 segundos no 0 a 100 km/h. Vivo, mesmo no modo Eco de condução, ele sai na frente da grande maioria nos semáforos, e ainda garante ultrapassagens mais apertadas com segurança.
Ele também é muito confortável. A Geely optou por usar pneus Goodyear, de primeira linha, próprios para SUVs. Eles ajudam as suspensões, totalmente independentes, a absorverem (muito bem) a nossa buraqueira. Molas e amortecedores trabalham com competência e silêncio, só que são extremamente macios, como gosta o público chinês.
Com isso, o carro fica “molenga” demais, inclusive em momentos em que não deveria, como nas arrancadas fortes, que colocam todos os quilos de força a prova. Nelas, a frente do EX5 se ergue e a direção, apesar de direta, também fica meio “boba” pelo excesso de maciez. Infelizmente não foi possível ver como ele se comporta em curvas rápidas ou frenagens mais bruscas: dependendo, pode se sair bem nelas.
Bacana notar que, além do trem-de-força, outros parâmetros do carro mudam de acordo com o modo de condução selecionado, como a própria assistência elétrica da direção, ou mesmo o peso do pedal de freio. No Eco, tudo fica mais suave e confortável, enquanto no Sport, a prioridade é a performance.
Geely EX5 e seu pacote ADAS
O (curto) uso do SUV durante o test-drive também mostrou a eficácia dos vários assistentes de condução (apenas na versão Max), que apitam, avisam, piscam e alertam para todos os lados. Dependendo, são um tanto chatos, e as vezes incomodam. Boa parte deles, ao menos, pode ser desativada, para quem não curte. É um “problema” também encontrado nos GWM Haval, por exemplo.
Autonomia do Geely EX5
Silencioso, o EX5 também parece um bom partido para viajar com a família, por exemplo. Na versão Pro, a autonomia passa dos 410 km, segundo o Inmetro, graças a baterias de 60,2 kWh de capacidade. As recargas, feitas com potência de até 100 kW, também demoram menos que a da concorrência (50% em 20 minutos, nos tais 100 kW). Difícil é entender o alcance 64 km menor na versão mais completa, Max, que oficialmente não rende mais que 349 km. Aí já fica mais complicado…
Geely EX5 aposta no conforto
Também nessa toada de uso rodoviário, e por maior tempo, ele brinda os ocupantes com bastante espaço interno, além de assoalho plano, teto-panorâmico (na Max), ar digital automático de duas zonas com saídas traseiras, bancos dianteiros elétricos, com ventilação e massageador, e até mesmo a curiosa função de transformá-los em poltronas reclináveis: é o que a Geely chama de “apoio para os pés”. Aliás, os bancos dianteiros têm formato ergonômico, mesmo para quem é de maior estatura.
Só o porta-malas, com piso elevado demais, ronda os 460 litros, e não surpreende para o segmento ou para o porte do carro. Poderia ser melhor, a exemplo dos rivais. Em contrapartida, inclusive no espaço para as malas, o acabamento é de primeiríssima qualidade, com materiais macios e bem escolhidos, além de cores internas corretas. É típico dos chineses o tal refinamento da cabine, e nesse Geely não é diferente.
Na lista de equipamentos, telas generosas e em alta resolução para multimídia (15,4”), painel de instrumentos digital (10,2”) ou mesmo head-up display (13,8”), além de teto-solar panorâmico, sistema de som assinado, tampa do porta-malas com abertura e fechamento elétricos, conjunto óptico inteiro em LED, rodas aro 19, função V2L (aquela que transforma o carro em um gerador), além de um generoso pacote ADAS. Esse último, porém, peca por estar presente apenas na versão mais cara.
Com a estrutura de distribuição e pós-vendas da Renault, a Geely tem uma bela alavanca pra voltar ao mercado brasileiro de uma forma…digamos…bem melhor que da primeira vez. O EX5, apesar de algumas “mancadinhas” lá e aqui, cumpre bem a missão de ser um SUV elétrico tecnológico, espaçoso, confortável, eficiente e bom de andar, como tanto vende a marca chinesa. A concorrência feroz estava esperando por ele, mas só as vendas vão dizer quem ganha a batalha…
IstoÉ
