Um GT elétrico de 760 cv e 200.000 euros? Testamos o Maserati GranTurismo Folgore, e aqui está o que ninguém te contou.

A Maserati é uma das marcas que deu o passo mais firme rumo à eletrificação com sua linha Folgore , buscando fundir a essência de seus modelos Gran Turismo com as demandas elétricas europeias. Assim, o Maserati GranTurismo Folgore é o carro-chefe dessa estratégia, um modelo que já pudemos testar exaustivamente no 20Minutos e que nos surpreendeu em muitos aspectos. O primeiro deles foi logo no início. Apesar de suas impressionantes credenciais elétricas, como 760 cv e um preço curiosamente menor que seus irmãos movidos a combustão, ele enfrenta um problema significativo: a preferência pela gasolina entre os fiéis da marca. Prova disso é o abandono do projeto MC20 Folgore, um reflexo do fato de que, por enquanto, o rugido do Nettuno V6 de 630 cv continua sendo o verdadeiro ímã para o tipo de comprador que terá acesso a esse tipo de veículo.

Design: elegância italiana

O GranTurismo Folgore mantém a silhueta aerodinâmica, alongada e musculosa que define a Maserati. Suas proporções são inconfundivelmente as de um Gran Turismo, com aquela elegância atemporal que chama a atenção. Detalhes como a ausência de escapamentos e a grade redesenhada são as únicas pistas de sua propulsão elétrica, assim como uma tampa para a tomada de carregamento localizada no canto esquerdo do para-choque traseiro. É um carro grande, com quase 5 metros de comprimento, mas sua baixa altura o mantém fiel ao seu espírito esportivo, com entrada baixa, como em qualquer esportivo, mas com um caráter muito mais pensado para o uso diário do que o de um MC20 , por exemplo.

Uma vez lá dentro, a atmosfera é de luxo e requinte, com qualidade e robustez superiores às dos modelos Maserati de antigamente. O volante, com uma sensação muito agradável, incorpora o botão de partida e o controle da suspensão a ar, além de enormes borboletas de troca de marchas em alumínio atrás dele que, embora não sejam responsáveis ​​por operar as marchas (já que o carro é elétrico), servem para controlar a intensidade da frenagem regenerativa desejada. O painel de instrumentos, uma tela configurável de 12,2 polegadas, é complementado por um grande head-up display e uma tela sensível ao toque de 12,3 polegadas para o sistema multimídia, que, abaixo dele, possui uma tela de 8,8 polegadas dedicada ao controle de climatização.

Um dos principais aspectos de um GT é seu generoso espaço interno em comparação com outros carros esportivos. Os bancos dianteiros são espaçosos e confortáveis, enquanto os bancos traseiros , como é típico de um cupê GT, são mais adequados para crianças, mas ainda são úteis para um adulto se a viagem não for muito longa. Meu primo de 1,82 metro de altura ficou preso lá por mais de 40 minutos sem reclamar, talvez mais focado na potência de seus 760 cv do que em se sentir confortável ou não. Ele tem 19 anos e, nessa idade, até um meio-fio é confortável.

O porta-malas, por sua vez, tem 270 litros, o suficiente para um fim de semana, mas se formos apenas dois no carro, os bancos traseiros também podem acomodar muitas bolsas de viagem ou mochilas.

Mecânica: um impulso que te deixa tonto

O coração do GranTurismo Folgore é um sistema de propulsão elétrica de 760 cv e um torque impressionante de 1.350 Nm, gerenciado por três motores elétricos (um dianteiro e dois traseiros) que fornecem tração nas quatro rodas. A bateria de 92,5 kWh (83 kWh utilizáveis), estrategicamente localizada para não comprometer o espaço e rebaixar o centro de gravidade do veículo, permite carregamento rápido de até 270 kW em CC. No entanto, apesar de anunciar uma autonomia WLTP de 438 quilômetros, nossos testes alcançaram uma autonomia real de cerca de 270 quilômetros a 120 km/h. Com o uso combinado, pode ficar mais perto de 320 quilômetros do que os 438 quilômetros aprovados. Este número, embora respeitável para suas quase 2,3 toneladas, é um ponto que vale a pena considerar na era atual dos veículos elétricos.

Nós ficamos atrás do volante

Ao volante, o Folgore parece um carro muito confortável para o dia a dia. Os materiais internos são de primeira qualidade e o espaço interno é bom. Mas o que realmente prende você ao assento é sua potência implacável. A aceleração é instantânea e brutal, uma experiência quase de "teletransporte" incomparável aos seus irmãos a combustão. Além disso, o passeio é confortável, com uma suspensão que filtra muito bem as imperfeições da estrada, apesar das rodas gigantes de 21 polegadas, e distância ao solo suficiente para que lombadas, se contornadas com cuidado, não sejam um problema diário.

Não é um veículo projetado para terrenos montanhosos extremos e não parece ágil o suficiente para isso, mas parece firme e faz curvas bem, transmitindo confiança. Sua verdadeira força é, ou melhor, seria, devorar quilômetros em estrada aberta; é para isso que serve um GT. No entanto, é aqui que surge o principal paradoxo deste carro: um GT elétrico faz sentido? E dizemos GT como um tipo de carro, os grandes esportivos clássicos projetados para viagens longas e luxuosas, como um Bentley Continental GT ou um Aston Martin DBS.

Além disso, a ausência do rugido inconfundível do motor Maserati é sua maior perda. O som, embora artificialmente presente nos modos dinâmicos, não substitui a paixão de um Maserati a combustão, onde o design e, acima de tudo, o som sempre foram pilares fundamentais da marca tridente.

Preços

O Maserati GranTurismo Folgore começa na Espanha em 200.900 euros, tornando-se a opção mais acessível em comparação com o Modena (203.100 euros) e o Trofeo (253.200 euros).

É um carro fascinante por sua potência quase aeroespacial, sua esportividade, seu interior luxuoso e de qualidade e sua condução sem emissões. No entanto, sua autonomia real, de quase 300 quilômetros em uso normal, exige paradas frequentes que um GT tradicional não exigiria. E aí vem a pergunta decisiva: você gastaria € 200.000 em um esportivo movido a bateria com essa autonomia, perdendo a essência sonora de um Maserati? Tenho certeza de que, embora o GranTurismo Folgore seja fantástico, se ainda houver um à venda que te dê arrepios ao dar a partida, por que não aproveitá-lo enquanto a Europa e seus "excelentes" regulamentos nos permitem?