Marcas revelam carros elétricos acessíveis em Munique, mas alertam que eles não atenderão aos limites de CO2.

"Na Europa, não há clientes dispostos a pagar mais de € 40.000 por um carro", disse Jean-Philippe Imparato, diretor de operações europeu da Stellantis, no Salão do Automóvel de Munique, um encontro anual da indústria automotiva dedicado a apresentar desenvolvimentos de curto e médio prazo.
Os eventos alemães — Munique e Frankfurt alternam-se — são realizados alternadamente com os eventos franceses em Paris. Se esta última edição demonstra algo, é que o setor automotivo europeu encontrou uma voz comum para enfrentar as muitas ameaças que enfrenta, e que o investimento em exposições físicas retornou, depois que os recentes eventos na capital francesa mostraram que estavam perdendo terreno para os fabricantes chineses.
Essas marcas têm mantido uma presença significativa em Munique. De fato, tornaram-se presença constante em salões de automóveis, tanto de fabricantes como BYD, Xpeng, Leapmotor, Seres e GAC, quanto de seus setores de apoio, incluindo fabricantes de baterias e componentes, bem como associações responsáveis por construir pontes comerciais entre os dois blocos políticos.
A China, por se tornar a maior indústria automotiva do mundo, é um dos países com maior presença no evento alemão, mas foram as marcas nacionais que se destacaram e investiram pesado para roubar a cena. O Grupo Volkswagen, a BMW e a Mercedes-Benz, as principais montadoras europeias, aproveitaram a ocasião para revelar modelos elétricos prontos para conquistar participação de mercado no Velho Continente, especialmente com modelos acessíveis e autonomias generosas o suficiente para competir com seus rivais asiáticos.
No entanto, um dos elementos mais marcantes de Munique foi a mensagem unificada das marcas: alemães, franceses, espanhóis e tchecos declararam que um dos fatores importantes era ter o apoio político da Comissão Europeia.
"O principal problema é que enfrentamos muitas crises ao mesmo tempo", disse Oliver Blume, CEO do Grupo Volkswagen. Entre elas, estão a concorrência da China — um dos mercados mais importantes para os fabricantes alemães —, as tarifas impostas aos EUA e um custo de reestruturação para suas operações na Alemanha, que prevê a demissão de mais de 30.000 trabalhadores.
Segundo Imparato, "as metas de emissões para 2035 [quando está prevista a proibição dos motores de combustão] são inatingíveis. Elas foram impostas quando a participação de veículos elétricos em 2025 era de 30%, mas hoje não foi alcançada". O objetivo do grupo franco-italiano, o segundo maior da Europa, não é mais vender o máximo de veículos elétricos possível, mas sim focar em diversas tecnologias de propulsão que o manterão atualizado e lucrativo. "Estamos sendo muito sensatos na alocação de capital", observou o executivo.
A indústria europeia deve se reunir com a Comissão Europeia em 12 de setembro, e uma moratória sobre os limites de CO2 que os fabricantes devem cumprir deve ser proposta, de acordo com Oliver Blume durante um painel de discussão na feira.
Este é um dos fatores críticos para manter o setor seguro, de acordo com as marcas que estão abrindo. O próximo passo, segundo Imparato, é mudar a legislação para que os modelos do segmento A não precisem arcar com um ônus tão pesado quanto o atual em termos de gastos.
ABC.es